FernandoLeiteFernandes-Poesias.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

BOLERO



Desamou todos os homens que teve,
O que amou nunca foi seu.
Com alguns teve filhos e sonhos
ambos deixados ao léu.
Foi atriz de todas as traições.
Imitava a novela na vida de final cruel.
Quando não sabia o que dizer e nunca sabia, ria.
E ria, ria, ria.
Franzia os olhos que se mantinham infantis.
Ria de medo, ria de nervoso, ria de susto,
Ria das humilhações da vida feitora.
Ria.


Até que um fio fino de seu sangue
Teceu a cena final.
A perícia criminal registrou um punhal cravado
Sob a axila esquerda –
Porque o punhal é a arma do ciúme - .
O laudo não fez menção do sorriso indisfarçável.
De espanto.
O último.
(FernandoLeiteFernandes)

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